Nasce um leão, mas sem sol

Tudo começou como tudo praticamente começa na vida de uma pessoa autista, de forma inesperada, em mais um dia aparentemente normal na serra gaúcha. Não pedi para nascer, e a verdade é que não escolhi meus pais. A figura paterna, especialmente, foi e continua ausente, causou muita dor no passado, mas com o tempo fui nitrindo algum tipo de ódio e na vida adulta passou a receber meu sentimento de desprezo. Sobre minha mãe, as lembranças são nebulosas, um misto de esperança constante e desilusão acima de tudo.

Trinta e cinco invernos se passaram desde aquele dia. Nasci autista, diferente, e nunca me encaixei nos padrões que a sociedade espera. Se pudesse escolher, não teria vindo para este mundo tão cruel e confuso.

Para aliviar a dor, uso o humor como escudo, fazendo piadas de mim mesmo. É uma forma de me conectar com as pessoas e encontrar algum conforto, mesmo que seja momentâneo.

Minha vida foi marcada por turbulências desde o início. Não fui desejado, fui motivo de brigas e sofrimentos. A sensação de não pertencer me acompanha desde sempre. A infelicidade, infelizmente, se tornou uma constante. Tinha segundos de vida, mas, empilhava sentimentos ruins nas costas. Ali eu nascia, mas também morreria.

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